tag:blogger.com,1999:blog-48933187642444615332024-03-05T06:25:21.831+00:00LIZAFOTOGRAFIA PINTURALiza Pireshttp://www.blogger.com/profile/00362307700018766027noreply@blogger.comBlogger68125tag:blogger.com,1999:blog-4893318764244461533.post-77968566723344196262013-10-10T22:30:00.000+01:002013-10-10T22:30:32.265+01:00Tombar...<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgtpleRjLiB7RHcOADiheL95v-og-6vhHfThO0PAqbuggExESsKpXWC-7BG4FSKersM3wlSvUyoxs2LSls9-2M2h42onQE0QQLFDcEN3WWuLnoWqkP5lKLqi8fg9AE30dK-vB2f1KuTUcE/s1600/IMG_2196.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgtpleRjLiB7RHcOADiheL95v-og-6vhHfThO0PAqbuggExESsKpXWC-7BG4FSKersM3wlSvUyoxs2LSls9-2M2h42onQE0QQLFDcEN3WWuLnoWqkP5lKLqi8fg9AE30dK-vB2f1KuTUcE/s400/IMG_2196.jpg" /></a></div><br />
Ruínas<br />
<br />
Se é sempre Outono o rir das Primaveras, <br />
Castelos, um a um, deixa-os cair... <br />
Que a vida é um constante derruir <br />
De palácios do Reino das Quimeras! <br />
<br />
E deixa sobre as ruínas crescer heras, <br />
Deixa-as beijar as pedras e florir! <br />
Que a vida é um contínuo destruir <br />
De palácios do Reino das Quimeras! <br />
<br />
Deixa tombar meus rútilos castelos! <br />
Tenho ainda mais sonhos para erguê-los <br />
Mais alto do que as águias pelo ar! <br />
<br />
Sonhos que tombam! Derrocada louca! <br />
São como os beijos duma linda boca! <br />
Sonhos!... Deixa-os tombar... Deixa-os tombar. <br />
<br />
Florbela Espanca, in "Livro de Sóror Saudade"Liza Pireshttp://www.blogger.com/profile/00362307700018766027noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4893318764244461533.post-85342160008044963982013-10-09T00:49:00.000+01:002013-10-09T00:49:59.351+01:00Solidão fria...<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj16SLAns5pZKztg5CupWGY1RFtdr_sCc-dhTaX6EPikh7oVXqTszG-C7VK3YyocBUF0Hny8LV_O0PdVPeL9GZj2m1RLtSrAe9hR624_V6niJaYfrWQ8hB5AsOGE7TJ3v9cP6SSlBl6FUI/s1600/P1010088+(2).JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj16SLAns5pZKztg5CupWGY1RFtdr_sCc-dhTaX6EPikh7oVXqTszG-C7VK3YyocBUF0Hny8LV_O0PdVPeL9GZj2m1RLtSrAe9hR624_V6niJaYfrWQ8hB5AsOGE7TJ3v9cP6SSlBl6FUI/s400/P1010088+(2).JPG" /></a></div><br />
Três poemas da solidão<br />
<br />
<br />
Solidão. <br />
A multidão em volta <br />
e o pensamento à solta <br />
como alado corcel. <br />
E as ideias dispersas, em tropel, <br />
como folhas ao vento <br />
pétalas do Pensamento. <br />
<br />
Solidão. <br />
A angústia da Cidade, <br />
a impossível procura da Unidade, <br />
o clamor <br />
do silêncio interior, <br />
mais pungente, estridente, <br />
que os bárbaros ruídos <br />
que ferem, dilaceram <br />
os nervos e os sentidos. <br />
<br />
Fernanda de Castro, in "E Eu, Saudosa, Saudosa"<br />
<br />
Liza Pireshttp://www.blogger.com/profile/00362307700018766027noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4893318764244461533.post-17156627553149244772013-10-08T23:29:00.001+01:002013-10-08T23:29:05.380+01:00O TEMPO...<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiBRLXg1qqD6UimYHWs773m7uqN9YyuHY1eDNpT86OVzFaZMVPIZvMjFd6SZPLgPUJYIZV874u03oTUcbrMZ-VsS2BSpMg2dJJlfBgi3f5MOhnqQduyAq4eLmwjeHZFC5cIWC0az1zZTOU/s1600/P1010073+(2).JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiBRLXg1qqD6UimYHWs773m7uqN9YyuHY1eDNpT86OVzFaZMVPIZvMjFd6SZPLgPUJYIZV874u03oTUcbrMZ-VsS2BSpMg2dJJlfBgi3f5MOhnqQduyAq4eLmwjeHZFC5cIWC0az1zZTOU/s400/P1010073+(2).JPG" /></a></div><br />
<br />
Explicação da Eternidade<br />
<br />
<br />
devagar, o tempo transforma tudo em tempo. <br />
o ódio transforma-se em tempo, o amor <br />
transforma-se em tempo, a dor transforma-se <br />
em tempo. <br />
<br />
os assuntos que julgámos mais profundos, <br />
mais impossíveis, mais permanentes e imutáveis, <br />
transformam-se devagar em tempo. <br />
<br />
por si só, o tempo não é nada. <br />
a idade de nada é nada. <br />
a eternidade não existe. <br />
no entanto, a eternidade existe. <br />
<br />
os instantes dos teus olhos parados sobre mim eram eternos. <br />
os instantes do teu sorriso eram eternos. <br />
os instantes do teu corpo de luz eram eternos. <br />
<br />
foste eterna até ao fim. <br />
<br />
José Luís Peixoto, in "A Casa, A Escuridão"Liza Pireshttp://www.blogger.com/profile/00362307700018766027noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4893318764244461533.post-67199842116305895442012-11-13T23:39:00.000+00:002012-11-13T23:39:08.647+00:00Memória...sem memória<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjUIbw7rBoOJ6Y1MuPslQA_p3Cw3-gJahsrYapEyHFQE0JeUA1B_obwxBwq7l88Hmbf8VFS9t7fCL-v2Z0vThFcskX8Opo7IfEGHocbjsej9e9HCsk9_MuiVnuwj9-vqY6Flpo8wkylTFA/s1600/P10100122.JPG" imageanchor="1" style="margin-left:1em; margin-right:1em"><img border="0" height="300" width="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjUIbw7rBoOJ6Y1MuPslQA_p3Cw3-gJahsrYapEyHFQE0JeUA1B_obwxBwq7l88Hmbf8VFS9t7fCL-v2Z0vThFcskX8Opo7IfEGHocbjsej9e9HCsk9_MuiVnuwj9-vqY6Flpo8wkylTFA/s400/P10100122.JPG" /></a></div><br />
<br />
Memória Consentida<br />
<br />
Neste lugar sem tempo nem memória, <br />
nesta luz absoluta ou absurda, <br />
ou só escuridão total, relances há <br />
em que creio, ou se me afigura, <br />
ter tido, alguma vez, passado <br />
<br />
com biografia, onde se misturam <br />
datas, nomes, caras, paisagens <br />
que, de tão rápidas, me deixam <br />
apenas a lembrança agoniada <br />
de não mais poder lembrá-las. <br />
<br />
Sobra, por vezes, um estilhaço <br />
ou fragmento, como o latido <br />
de um cão na tarde dolente <br />
e comprida de uma remota infância. <br />
Ou o indistinto murmúrio de vozes <br />
<br />
junto de um rio que, como as vozes, <br />
não existe já quando para ele <br />
volvo, surpreso, o olhar cansado. <br />
Insidiosas, rangem tábuas no soalho, <br />
ou é o sussurro brando do vento <br />
<br />
no zinco ondulado, na fronde umbrosa <br />
dos eucaliptos de perfil no horizonte, <br />
com o mar ao fundo. Que soalho, <br />
de que casa, que vento em que paragens, <br />
onde o mar ao longe que, entrevistos, <br />
<br />
os não vejo já ou, sequer, recordo <br />
na brevidade do instante cruel? <br />
De que sonho, ou vida, ou espaço de outrem <br />
provêm tais sombras melancólicas, <br />
ferindo de indecifráveis avisos <br />
<br />
este lugar em que, não sendo consentido <br />
o coração, se não consentem tempo e memória? <br />
Pausa ou pena, a seu oculto propósito há-de <br />
sempre opor-se, lenta, a inexorável asfixia <br />
desta luz absurda, ou só escuridão total. <br />
<br />
Rui KnopfliLiza Pireshttp://www.blogger.com/profile/00362307700018766027noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4893318764244461533.post-5173383222625105472012-11-12T02:03:00.000+00:002012-11-12T02:05:14.554+00:00Paz....Reconciliação...<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjC60uKos12sF2pc1vMAmFoublBe0CpQU5h7pmNwCq4ce7OERicjhu4PVuIHzx7wHXesngv3Td7xcbgxgkIK_MPvzimHIgVpSv7iu9JcCsUZk0QC7YIL1DC249S9RSqFnDGViBSVPrH9fo/s1600/P1010037.JPG" imageanchor="1" style="margin-left:1em; margin-right:1em"><img border="0" height="270" width="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjC60uKos12sF2pc1vMAmFoublBe0CpQU5h7pmNwCq4ce7OERicjhu4PVuIHzx7wHXesngv3Td7xcbgxgkIK_MPvzimHIgVpSv7iu9JcCsUZk0QC7YIL1DC249S9RSqFnDGViBSVPrH9fo/s400/P1010037.JPG" /></a></div><br />
<br />
<br />
Qualquer Coisa de Paz<br />
<br />
Qualquer coisa de paz. Talvez somente <br />
a maneira de a luz a concentrar <br />
no volume, que a deixa, inteira, assente <br />
na gravidade interior de estar. <br />
<br />
Qualquer coisa de paz. Ou, simplesmente, <br />
uma ausência de si, quase lunar, <br />
que iluminasse o peso. E a corrente <br />
de estar por dentro do peso a gravitar. <br />
<br />
Ou planalto de vento. Milenária <br />
semeadura de meditação <br />
expondo à intempérie a sua área <br />
<br />
de esquecimento. Aonde a solidão, <br />
a pesar sobre si, quase que arruína <br />
a luz da fronte onde a atenção domina. <br />
<br />
Fernando EchevarríaLiza Pireshttp://www.blogger.com/profile/00362307700018766027noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4893318764244461533.post-77844229620680234642012-11-11T22:45:00.000+00:002012-11-12T02:10:43.632+00:00estórias repartidas...<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgdGeZEOdIzvWfD0rANT163hHQREYSzDu0ZNdfVCsUy7ITfJULjFlhDC7zK1rYI5jlTS9VXu2qbxfcLZybTurz5fp7M_jTxJQ9rqmsg_mriAl4Qb2e8spEnEDxuIL2odfoXzvyPrExQyXQ/s1600/P1010008.JPG" imageanchor="1" style="margin-left:1em; margin-right:1em"><img border="0" height="300" width="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgdGeZEOdIzvWfD0rANT163hHQREYSzDu0ZNdfVCsUy7ITfJULjFlhDC7zK1rYI5jlTS9VXu2qbxfcLZybTurz5fp7M_jTxJQ9rqmsg_mriAl4Qb2e8spEnEDxuIL2odfoXzvyPrExQyXQ/s400/P1010008.JPG" /></a></div><br />
Nome Para Uma Casa<br />
<br />
Ossos enxutos de repente as mãos <br />
sobre o repousado peito entrelaçadas <br />
como quem adormeceu <br />
à sombra de uma quieta <br />
e morosa árvore de copa alargada. <br />
Dos olhos direi que abertos <br />
para dentro me parecem <br />
não os verei mais de agitação ansiosa <br />
e húmido afago brandos no seu ferver <br />
de amor avarento agora tão acalmados também <br />
tão de longe observando incrédulos e astuciosos <br />
a escura gente de roda com ladainhas de <br />
abjuradas mágoas. <br />
<br />
Julgo ouvir a chuva no tépido pinhal <br />
mas pode ser engano <br />
ainda há pouco o vento limpara o céu anoitecido <br />
por entre o sussuro do lamuriado tédio <br />
alguém se aproxima em bicos dos pés <br />
por entre hortências ou dálias <br />
de ambas minha mãe gostava <br />
<br />
as ratazanas heréticas perseguem-se no sótão <br />
como no tempo de não sei quando <br />
os estalidos de madeira seca <br />
no tecto antigo que os bichos mastigam aplicadamente <br />
enquanto as velas agónicas se revezam <br />
uma a uma dançando no sereno rosto que dorme <br />
sem precisar de dormir tão perto o rosto e tão ausente<br />
tão da vida agreste aliviado <br />
as pessoas vão repartindo ais estórias lembranças <br />
vão repartindo haveres e contos largos <br />
enquanto no barco do tempo o morto se afasta <br />
solene e majestático mesmo que o medo <br />
o persiga até ao limite das águas. <br />
<br />
Mais tarde o rito fecha-se nas velas consumidas <br />
já o morto irá por terras afastadas <br />
a sacola de viandante aos ombros <br />
recomeçando solitário a viagem inacabada. <br />
<br />
À casa que teve darei um nome <br />
das hortências ou das dálias não sei como chamar-lhe<br />
de ambas minha mãe gostava <br />
<br />
Fernando NamoraLiza Pireshttp://www.blogger.com/profile/00362307700018766027noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4893318764244461533.post-44782528073268314972012-10-04T19:44:00.000+01:002012-10-04T19:44:05.588+01:00Aparências...ilusões...<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhv6P5Ioda3NcU9sEEa0h_QBkFfP29M-Chbh7r9ZFiShEyX8-qgE5hAelqk8Zd2macIlI-Mq3lNWpQ7WP4za6in_p3Xcms5i1rwA1CvLyDWghsV4LNtHE6eY0DU3IgEkEKO23sLSilRbDY/s1600/IMG_0055.jpg" imageanchor="1" style="margin-left:1em; margin-right:1em"><img border="0" height="314" width="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhv6P5Ioda3NcU9sEEa0h_QBkFfP29M-Chbh7r9ZFiShEyX8-qgE5hAelqk8Zd2macIlI-Mq3lNWpQ7WP4za6in_p3Xcms5i1rwA1CvLyDWghsV4LNtHE6eY0DU3IgEkEKO23sLSilRbDY/s400/IMG_0055.jpg" /></a></div><br />
<br />
Dois horizontes fecham nossa vida: <br />
<br />
Um horizonte, — a saudade <br />
Do que não há de voltar; <br />
Outro horizonte, — a esperança <br />
Dos tempos que hão de chegar; <br />
No presente, — sempre escuro,— <br />
Vive a alma ambiciosa <br />
Na ilusão voluptuosa <br />
Do passado e do futuro. <br />
<br />
Os doces brincos da infância <br />
Sob as asas maternais, <br />
O vôo das andorinhas, <br />
A onda viva e os rosais; <br />
O gozo do amor, sonhado <br />
Num olhar profundo e ardente, <br />
Tal é na hora presente <br />
O horizonte do passado. <br />
<br />
Ou ambição de grandeza <br />
Que no espírito calou, <br />
Desejo de amor sincero <br />
Que o coração não gozou; <br />
Ou um viver calmo e puro <br />
À alma convalescente, <br />
Tal é na hora presente <br />
O horizonte do futuro. <br />
<br />
No breve correr dos dias <br />
Sob o azul do céu, — tais são <br />
Limites no mar da vida: <br />
Saudade ou aspiração; <br />
Ao nosso espírito ardente, <br />
Na avidez do bem sonhado, <br />
Nunca o presente é passado, <br />
Nunca o futuro é presente. <br />
<br />
Que cismas, homem? – Perdido <br />
No mar das recordações, <br />
Escuto um eco sentido <br />
Das passadas ilusões. <br />
Que buscas, homem? – Procuro, <br />
Através da imensidade, <br />
Ler a doce realidade <br />
Das ilusões do futuro. <br />
<br />
Dois horizontes fecham nossa vida. <br />
<br />
Machado de Assis<br />
Liza Pireshttp://www.blogger.com/profile/00362307700018766027noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4893318764244461533.post-65316772862862620582012-10-04T08:46:00.000+01:002012-10-04T08:48:33.639+01:00Caminhos...<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh_d9DEA4gjK_pk1R0WJlYbp-8HPbPXmabAIvC8L0GFDkD8r-_YhWs_5Fye8zn2j41EiAVmsMzU_Fx2RHvYC-18FS8m2T7xdsPzm3pY5oqxVjsc5jIBeBfQUez39InhtG8UjBcnUfJ3wrA/s1600/IMG_0007.JPG" imageanchor="1" style="margin-left:1em; margin-right:1em"><img border="0" height="400" width="298" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh_d9DEA4gjK_pk1R0WJlYbp-8HPbPXmabAIvC8L0GFDkD8r-_YhWs_5Fye8zn2j41EiAVmsMzU_Fx2RHvYC-18FS8m2T7xdsPzm3pY5oqxVjsc5jIBeBfQUez39InhtG8UjBcnUfJ3wrA/s400/IMG_0007.JPG" /></a></div><br />
Caminhos<br />
<br />
Para quê, caminhos do mundo, <br />
Me atraís? — Se eu sei bem já <br />
Que voltarei donde parto, <br />
Por qualquer lado que vá. <br />
<br />
Pra quê? — Se a Terra é redonda; <br />
E, sempre, tem de cumprir-se <br />
A sina daquela onda <br />
Que parece vai sumir-se, <br />
<br />
Mas que volta, bem mais débil, <br />
Ao meio do lago, onde <br />
A mãe, gota d'água flébil, <br />
Há muito tempo se esconde. <br />
<br />
Pra quê? — Se a folha viçosa <br />
Na Primavera, feliz, <br />
Amanhã será, gostosa, <br />
Alimento da raiz. <br />
<br />
Pra quê, caminhos do mundo? <br />
Pra quê, andanças sem Fim? <br />
Se todo o sonho profundo <br />
Deste Mundo e do Outro-Mundo, <br />
Não 'stá neles, mas em mim. <br />
<br />
Francisco Bugalho, in "Paisagem"Liza Pireshttp://www.blogger.com/profile/00362307700018766027noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4893318764244461533.post-71043075262561804702012-10-03T19:32:00.000+01:002012-10-03T19:32:08.715+01:00A tua ausência...<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjhdF3t98OBO6EtJ5B9cKqptM6fTn0V1uUOxa9MwsClvpXi1oB33Vs2dB_f-NTcu6wyQ7U-J3NY9B6VRKZ5qVIEr3J5C2uik-sNoHJJm9L4tGk5d4gGxrqZXHENBXwDzcBRm8AjtnYXyzo/s1600/IMG_0009.JPG" imageanchor="1" style="margin-left:1em; margin-right:1em"><img border="0" height="400" width="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjhdF3t98OBO6EtJ5B9cKqptM6fTn0V1uUOxa9MwsClvpXi1oB33Vs2dB_f-NTcu6wyQ7U-J3NY9B6VRKZ5qVIEr3J5C2uik-sNoHJJm9L4tGk5d4gGxrqZXHENBXwDzcBRm8AjtnYXyzo/s400/IMG_0009.JPG" /></a></div><br />
<br />
Ausência <br />
<br />
Eu haverei de erguer a vasta vida<br />
que ainda é o teu espelho:<br />
cada manhã hei-de reconstruí-la.<br />
<br />
Desde que te afastaste,<br />
quantos lugares se tornam vãos<br />
e sem sentido, iguais<br />
a luzes acesas de dia.<br />
<br />
Tardes que te abrigaram a imagem,<br />
música em que sempre me esperavas,<br />
palavras desse tempo,<br />
terei de as destruir com as minhas mãos.<br />
<br />
Em que ribanceira esconderei a alma<br />
pra que não veja a tua ausência,<br />
que como um sol terrível, sem ocaso,<br />
brilha definitiva e sem piedade?<br />
<br />
A tua ausência cerca-me<br />
como a corda à garganta.<br />
O mar ao que se afunda.<br />
<br />
Jorge Luis Borges<br />
Liza Pireshttp://www.blogger.com/profile/00362307700018766027noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4893318764244461533.post-4948860905573635792012-07-25T23:39:00.000+01:002012-07-25T23:39:58.500+01:00Acreditas...<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiPPQrP7acrdV_ed6ticyH4mbW4YLjBA8id3FMxECeNHOfN2x0ZnhPVfpDTicRtR_Eye0oZ0EPPN-27-oj-Tx-5NYlQXuv90HqSnufSU0CcfkDCObE_FTaaEzK9sDTtLQqTB_9HzKpZKSw/s1600/P1010056+%25283%2529.JPG" imageanchor="1" style="margin-left:1em; margin-right:1em"><img border="0" height="300" width="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiPPQrP7acrdV_ed6ticyH4mbW4YLjBA8id3FMxECeNHOfN2x0ZnhPVfpDTicRtR_Eye0oZ0EPPN-27-oj-Tx-5NYlQXuv90HqSnufSU0CcfkDCObE_FTaaEzK9sDTtLQqTB_9HzKpZKSw/s400/P1010056+%25283%2529.JPG" /></a></div><br />
Tu, Místico, Vês uma Significação em Todas as Cousas<br />
<br />
Tu, místico, vês uma significação em todas as cousas. <br />
Para ti tudo tem um sentido velado. <br />
Há uma cousa oculta em cada cousa que vês. <br />
O que vês, vê-lo sempre para veres outra cousa. <br />
<br />
Para mim, graças a ter olhos só para ver, <br />
Eu vejo ausência de significação em todas as cousas; <br />
Vejo-o e amo-me, porque ser uma cousa é não significar nada. <br />
Ser uma cousa é não ser susceptível de interpretação. <br />
<br />
Alberto Caeiro, in "Poemas Inconjuntos"Liza Pireshttp://www.blogger.com/profile/00362307700018766027noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4893318764244461533.post-41382007781618936752012-07-15T20:00:00.000+01:002012-07-15T20:05:50.182+01:00Árvore madura com presença<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgTYVawQnFXXeSUudRIbfQl9v3Z1aNzpiod-mYO8_HTjerZBpO-pER8Fm-SZXbW_EHcMDYI7B-JoCPWMJVbEku7os8MUHGjXxHfqn8a6jXEgOHsO_mzUbl6DjqIE-Vmjxm6Y_zUMbQZjD8/s1600/P1010018.JPG" imageanchor="1" style="margin-left:1em; margin-right:1em"><img border="0" height="302" width="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgTYVawQnFXXeSUudRIbfQl9v3Z1aNzpiod-mYO8_HTjerZBpO-pER8Fm-SZXbW_EHcMDYI7B-JoCPWMJVbEku7os8MUHGjXxHfqn8a6jXEgOHsO_mzUbl6DjqIE-Vmjxm6Y_zUMbQZjD8/s400/P1010018.JPG" /></a></div><br />
Balada do Poema que não Há<br />
<br />
Quero escrever um poema <br />
Um poema não sei de quê <br />
Que venha todo vermelho <br />
Que venha todo de negro <br />
Às de copas às de espadas <br />
Quero escrever um poema <br />
Como de sortes cruzadas <br />
<br />
Quero escrever um poema <br />
Como quem escreve o momento <br />
Cheiro de terra molhada <br />
Abril com chuva por dentro <br />
E este ramo de alfazema <br />
Por sobre a tua almofada <br />
Quero escrever um poema <br />
Que seja de tudo ou nada <br />
<br />
Um poema não sei de quê <br />
Que traga a notícia louca <br />
Da história que ninguém crê <br />
Ou esta afta na boca <br />
Esta noite sem sentido <br />
Coisa pouca coisa pouca <br />
Tão aquém do pressentido <br />
Que me dói não sei porquê <br />
<br />
Quero um poema ao contrário <br />
Deste estado que padeço <br />
Meu cavalo solitário <br />
A cavalgar no avesso <br />
De um verso que não conheço <br />
<br />
Que venha de capa e espada <br />
Ou de chicote na mão <br />
Sobre esta noite acordada <br />
Quero um poema noitada <br />
Um poema até mais não <br />
<br />
Quero um poema que diga <br />
Que nada há que dizer <br />
Senão que a noite castiga <br />
Quem procura uma cantiga <br />
Que não é de adormecer <br />
<br />
Poema de amor e morte <br />
No reino da Dinamarca <br />
Ser ou não ser eis a sorte <br />
O resto é silêncio e dor <br />
Poema que traga a marca <br />
Do Castelo de Elsenor <br />
<br />
Quero o poema que me dê <br />
Aquela música antiga <br />
Da Provença e da Toscânia <br />
Vinho velho de Chianti <br />
Com Ezra Pound em Rapallo <br />
E versos de Cavalcanti <br />
Ou Guilherme de Aquitânia <br />
Dormindo sobre um cavalo <br />
<br />
E com ele então dizer <br />
O meu poema está feito <br />
Não sei de quê nem sobre quê <br />
<br />
Dormindo sobre um cavalo <br />
<br />
Quero o poema perfeito <br />
Que ninguém há-de escrever <br />
Que ele traga a estrela negra <br />
Do canto e da solidão <br />
Ou aquela toutinegra <br />
De Camões quando escrevia <br />
Sôbolos rios que vão <br />
<br />
Que venha como um destino <br />
Às de copas às de espadas <br />
Que venha para viver <br />
Que venha para morrer <br />
Se tiver que ser será <br />
E não há cartas marcadas <br />
Só assim poderá ser <br />
O poema que não há <br />
<br />
Manuel Alegre, in "Babilónia"Liza Pireshttp://www.blogger.com/profile/00362307700018766027noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4893318764244461533.post-3853290792680212812012-06-03T15:52:00.000+01:002012-06-03T15:52:51.247+01:00Contemplação<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhm6pLSsFBwGtzHaFop3X1A9l9Xpx3IGwZz02biDNUSRUwKQNTplGqoYsMgJG8JqQC5N2WS-QlyogK_nVk4vEMoEKeX5NDnTlKtp-5pYu9zUGg2e1iCSEfPKS0q5b-3RCgPz0TeBOHzrtQ/s1600/P10100392.jpg" imageanchor="1" style="margin-left:1em; margin-right:1em"><img border="0" height="300" width="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhm6pLSsFBwGtzHaFop3X1A9l9Xpx3IGwZz02biDNUSRUwKQNTplGqoYsMgJG8JqQC5N2WS-QlyogK_nVk4vEMoEKeX5NDnTlKtp-5pYu9zUGg2e1iCSEfPKS0q5b-3RCgPz0TeBOHzrtQ/s400/P10100392.jpg" /></a></div><br />
Contemplo o que não Vejo<br />
<br />
<strike></strike>Contemplo o que não vejo. <br />
É tarde, é quase escuro. <br />
E quanto em mim desejo <br />
Está parado ante o muro. <br />
<br />
Por cima o céu é grande; <br />
Sinto árvores além; <br />
Embora o vento abrande, <br />
Há folhas em vaivém. <br />
<br />
Tudo é do outro lado, <br />
No que há e no que penso. <br />
Nem há ramo agitado <br />
Que o céu não seja imenso. <br />
<br />
Confunde-se o que existe <br />
Com o que durmo e sou. <br />
Não sinto, não sou triste. <br />
Mas triste é o que estou. <br />
<br />
Fernando Pessoa, in "Cancioneiro"<br />
<br />Liza Pireshttp://www.blogger.com/profile/00362307700018766027noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4893318764244461533.post-56309533962085542152012-05-30T00:01:00.001+01:002012-05-30T00:01:20.922+01:00Princípio nocturno<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiLeMT0n5FRvtdALL6_NHwCq3D8S8w9H-OlbaHYVGTjYzCYPolqZu3tmvS19AtPPEM2q7sDdkEOXZHTzYzMkN0S2yG3AjilLtsTKxC2mUn02eI3djV_zA1vUtFGedKDXFJHjQzw1PzuK7k/s1600/P1010118.JPG" imageanchor="1" style="margin-left:1em; margin-right:1em"><img border="0" height="303" width="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiLeMT0n5FRvtdALL6_NHwCq3D8S8w9H-OlbaHYVGTjYzCYPolqZu3tmvS19AtPPEM2q7sDdkEOXZHTzYzMkN0S2yG3AjilLtsTKxC2mUn02eI3djV_zA1vUtFGedKDXFJHjQzw1PzuK7k/s400/P1010118.JPG" /></a></div><br />
Princípio<br />
<br />
Não tenho deuses. Vivo <br />
Desamparado. <br />
Sonhei deuses outrora, <br />
Mas acordei. <br />
Agora <br />
Os acúleos são versos, <br />
E tacteiam apenas <br />
A ilusão de um suporte. <br />
Mas a inércia da morte, <br />
O descanso da vide na ramada <br />
A contar primaveras uma a uma, <br />
Também me não diz nada. <br />
A paz possível é não ter nenhuma. <br />
<br />
Miguel Torga, in 'Penas do Purgatório'Liza Pireshttp://www.blogger.com/profile/00362307700018766027noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4893318764244461533.post-35610420819935352212012-05-27T23:24:00.000+01:002012-05-27T23:24:50.582+01:00SIN(T)ILIDADES<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjxHg03fkp4gWZd7vETW-djeZacxj1NoN8HVILlbGOeUg2SGrmVbX4VDyleidRkT5K54j4QDR6GFOWjjYa4adylei2wtKNTPk0RVqsaGndHbFnN-k9qTHTn4t-zmX61F9ic82mJyiwKppc/s1600/trofa3.jpg" imageanchor="1" style="margin-left:1em; margin-right:1em"><img border="0" height="400" width="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjxHg03fkp4gWZd7vETW-djeZacxj1NoN8HVILlbGOeUg2SGrmVbX4VDyleidRkT5K54j4QDR6GFOWjjYa4adylei2wtKNTPk0RVqsaGndHbFnN-k9qTHTn4t-zmX61F9ic82mJyiwKppc/s400/trofa3.jpg" /></a></div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEge5xXOQW2ROWRieGcWMy2Rh0cK8wo7ZAdeyDt-sJh-FmWBF6bFsvzWHsEGYSlGdA1z26ck0wYIA0MM2kAiqmrW5ONa51kJYYfxT9oKdF5UhgctdgCmtmhmgc1VrukB8xzhW2qDjTWJG-Q/s1600/trofa7.jpg" imageanchor="1" style="margin-left:1em; margin-right:1em"><img border="0" height="400" width="318" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEge5xXOQW2ROWRieGcWMy2Rh0cK8wo7ZAdeyDt-sJh-FmWBF6bFsvzWHsEGYSlGdA1z26ck0wYIA0MM2kAiqmrW5ONa51kJYYfxT9oKdF5UhgctdgCmtmhmgc1VrukB8xzhW2qDjTWJG-Q/s400/trofa7.jpg" /></a></div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEib8T3VI4GmlCtwsAF96JFzGzB7ZvLIQUDRW67V9fZ4sKnfNEFzrZSDgoPD9jWQZU1VAmLeumAYCj_NOiGw-vXGGUmse9_npvs1I3Ao2v3VRuuTp71_qAMWaBobL2Ig-ZH22ezHrzd2aiI/s1600/trofa2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left:1em; margin-right:1em"><img border="0" height="400" width="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEib8T3VI4GmlCtwsAF96JFzGzB7ZvLIQUDRW67V9fZ4sKnfNEFzrZSDgoPD9jWQZU1VAmLeumAYCj_NOiGw-vXGGUmse9_npvs1I3Ao2v3VRuuTp71_qAMWaBobL2Ig-ZH22ezHrzd2aiI/s400/trofa2.jpg" /></a></div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhcx6dnu3TK-sVURr6f98jkCAKMHSH8X-Djjpte3WMaOnLrBnX-2Ro6oa71F4SfZNRRvWc0j521IBRrLAqFWmz1aLcYcxdLcolX68ZqiWGiJdx0hFIgzadZwTH9-n6PUsdplCPG2RZDSDM/s1600/trofa+5.jpg" imageanchor="1" style="margin-left:1em; margin-right:1em"><img border="0" height="400" width="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhcx6dnu3TK-sVURr6f98jkCAKMHSH8X-Djjpte3WMaOnLrBnX-2Ro6oa71F4SfZNRRvWc0j521IBRrLAqFWmz1aLcYcxdLcolX68ZqiWGiJdx0hFIgzadZwTH9-n6PUsdplCPG2RZDSDM/s400/trofa+5.jpg" /></a></div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEidwdgADE9bmVl0zjC0O0lyKsJJ1xf5oJa9_MI_qWmsy3KtVPQ_t9SjdKx4FlWxMTsOsTKWUxvkhbKhlRz8qpC_ojhXH735DsrSyWQ4iTtyb9zOZ3cJhNRpTu6P7qmWd0kUr3vUMOL5yBs/s1600/trofa+4.jpg" imageanchor="1" style="margin-left:1em; margin-right:1em"><img border="0" height="400" width="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEidwdgADE9bmVl0zjC0O0lyKsJJ1xf5oJa9_MI_qWmsy3KtVPQ_t9SjdKx4FlWxMTsOsTKWUxvkhbKhlRz8qpC_ojhXH735DsrSyWQ4iTtyb9zOZ3cJhNRpTu6P7qmWd0kUr3vUMOL5yBs/s400/trofa+4.jpg" /></a></div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhjldGINn_veYLO4ljril_kbV0l7x7O5Q4fo1R5OFd9lGWraKB4ke87HfsJaOId4Z5aZR5eOFQwy8DQvjD7eXGccZixK6JOJWSvbaROwCxSqkl_vDglfzOZWsBJ3yKI0SdwLBcuWjUaRR8/s1600/trofan.jpg" imageanchor="1" style="margin-left:1em; margin-right:1em"><img border="0" height="400" width="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhjldGINn_veYLO4ljril_kbV0l7x7O5Q4fo1R5OFd9lGWraKB4ke87HfsJaOId4Z5aZR5eOFQwy8DQvjD7eXGccZixK6JOJWSvbaROwCxSqkl_vDglfzOZWsBJ3yKI0SdwLBcuWjUaRR8/s400/trofan.jpg" /></a></div><br />Liza Pireshttp://www.blogger.com/profile/00362307700018766027noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4893318764244461533.post-69174166571792274072012-05-19T12:39:00.000+01:002012-05-19T12:39:37.518+01:00Restos....tempo...<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjO4CQ9fpS6_8gnUEISxaYcfckhh8fn_H2mh_Ay8XxfVfqlakJ2WCoRuSqwJcOIidJS2WLnYJbjVuUTtynmlDUmuseGHfalbR85CSiFssgGtTw5gNDojGPRlTdB-85HFk9ItCMhwJk44qI/s1600/trofa4.jpg" imageanchor="1" style="margin-left:1em; margin-right:1em"><img border="0" height="302" width="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjO4CQ9fpS6_8gnUEISxaYcfckhh8fn_H2mh_Ay8XxfVfqlakJ2WCoRuSqwJcOIidJS2WLnYJbjVuUTtynmlDUmuseGHfalbR85CSiFssgGtTw5gNDojGPRlTdB-85HFk9ItCMhwJk44qI/s400/trofa4.jpg" /></a></div><br />
Só de Restos se Consagra o Tempo<br />
<br />
Só de restos se consagra o tempo, força <br />
cerrada na inutilidade destas <br />
cores campestres, quando o sol em Novembro <br />
escurece os sobreiros. Só de restos me <br />
espera a cerimónia de viver, <br />
trânsito e transigência do silêncio, <br />
ocultado no meu corpo. Só de restos <br />
o trespassa o tempo, máscara e manto. Morro <br />
muito antes da morte, sem saber se os anjos <br />
foram gaivotas hirtas no piedoso <br />
musgos dos rios ou se hão-de ser maçãs <br />
ou ciência, loendros ou lembrança, <br />
inocentes, lúcidos sonos ou oblata <br />
de seda, a deus cedida, em pagamento <br />
da paz. Só do que chega ao fim, se corrompe <br />
e apodrece, se imagina o princípio, <br />
a majestade das coisas, o silêncio <br />
irrevelado que o corpo desconhece. <br />
<br />
Orlando Neves, in "Mar de que Futuro"Liza Pireshttp://www.blogger.com/profile/00362307700018766027noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4893318764244461533.post-44819382746732627732012-05-13T21:53:00.000+01:002012-05-13T21:53:34.639+01:00EXPOSIÇÃO SIN(T)ILIDADES<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgHkymjFyJ8Gnu_aWobTS4shJ5Mo1MO1stflUoE0AD9-BcAOuctl-sir4vM7eeY8ViReMDrI4qOdYgnbPE8_EM7c9eaP3HbjohBZBDzD148GuMCJQBhDltadJ2lVkIwVzAcAWlOIBGxLZk/s1600/592082_311682988907239_1061687384_n+%25281%2529.jpg" imageanchor="1" style="margin-left:1em; margin-right:1em"><img border="0" height="254" width="180" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgHkymjFyJ8Gnu_aWobTS4shJ5Mo1MO1stflUoE0AD9-BcAOuctl-sir4vM7eeY8ViReMDrI4qOdYgnbPE8_EM7c9eaP3HbjohBZBDzD148GuMCJQBhDltadJ2lVkIwVzAcAWlOIBGxLZk/s400/592082_311682988907239_1061687384_n+%25281%2529.jpg" /></a></div><br />Liza Pireshttp://www.blogger.com/profile/00362307700018766027noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4893318764244461533.post-29086152683353184552012-05-13T18:57:00.000+01:002012-05-13T19:00:55.922+01:00A Cidade do Sonho<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhFV5frKQ92JKcpAZ3WyHCT3648CM8Jk2cf-i3YrRiYRmI6dmabZwP1cruLsToR7z_hXP6WkvzAL_QLJgaPiwKr7oClQTSZ7YIgBBWVglSr4boamLVEVcpsxXpYa0wdUHu5pOYZy62kUs8/s1600/402307_154744111306162_154548477992392_218729_655076171_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left:1em; margin-right:1em"><img border="0" height="300" width="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhFV5frKQ92JKcpAZ3WyHCT3648CM8Jk2cf-i3YrRiYRmI6dmabZwP1cruLsToR7z_hXP6WkvzAL_QLJgaPiwKr7oClQTSZ7YIgBBWVglSr4boamLVEVcpsxXpYa0wdUHu5pOYZy62kUs8/s400/402307_154744111306162_154548477992392_218729_655076171_n.jpg" /></a></div><br />
<br />
A Cidade do Sonho<br />
<br />
<br />
Sofres e choras? Vem comigo! Vou mostrar-te<br />
O caminho que leva à Cidade do Sonho... <br />
De tão alta que está, vê-se de toda a parte,<br />
Mas o íngreme trajecto é florido e risonho. <br />
<br />
Vai por entre rosais, sinuoso e macio, <br />
Como o caminho chão duma aldeia ao luar, <br />
Todo branco a luzir numa noite de Estio, <br />
Sob o intenso clamor dos ralos a cantar. <br />
<br />
Se o teu ânimo sofre amarguras na vida, <br />
Deves empreender essa jornada louca; <br />
O Sonho é para nós a Terra Prometida: <br />
Em beijos o maná chove na nossa boca... <br />
<br />
Vistos dessa eminência, o mundo e as suas <br />
[sombras, <br />
Tingem-se no esplendor dum perpétuo arrebol; <br />
O mais estéril chão tapeta-se de alfombras, <br />
Não há nuvens no céu, nunca se põe o Sol. <br />
<br />
Nela mora encantada a Ventura perfeita <br />
Que no mundo jamais nos é dado sentir... <br />
E a um beijo só colhido em seus lábios de Eleita, <br />
A própria Dor começa a cantar e a sorrir! <br />
<br />
Que importa o despertar? Esse instante divino <br />
Como recordação indelével persiste; <br />
E neste amargo exílio, através do destino, <br />
Ventura sem pesar só na memória existe... <br />
<br />
António Feijó, in 'Sol de Inverno'Liza Pireshttp://www.blogger.com/profile/00362307700018766027noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4893318764244461533.post-91245882115162335412011-12-17T08:43:00.002+00:002011-12-17T08:45:03.696+00:00Lançamento de "As Verticalidades de Barroso/As Horizontalidades de Barroso" em Boticas<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgPScCQMsDCz4zxgHaHbPKRMhs86dIc8gzQANuoqWXC_f0h8-V8nDogcw2qKz2iXSGPCUAa_Hgor-MQLkbmIYmB5yKPJguNcahMs1vXIS3RFUqncgvWRmeYmjkIt2TMLjuYP3tTLe1tl-4/s1600/convite.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 192px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgPScCQMsDCz4zxgHaHbPKRMhs86dIc8gzQANuoqWXC_f0h8-V8nDogcw2qKz2iXSGPCUAa_Hgor-MQLkbmIYmB5yKPJguNcahMs1vXIS3RFUqncgvWRmeYmjkIt2TMLjuYP3tTLe1tl-4/s400/convite.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5687014538143075234" /></a><br /><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjh-JS8IgArs2BPAEd4K1_LxBB9_awhMgZqc-y8vdsu60WuBdKPVQeRKdw50_T5MCZ2IvN5uraDqHvY5eHSUoT-vzUi41FpXBIJhss7PddwK3hX05A606V16KS4fGX99WpKtGrOo9sRVro/s1600/convite2.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 194px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjh-JS8IgArs2BPAEd4K1_LxBB9_awhMgZqc-y8vdsu60WuBdKPVQeRKdw50_T5MCZ2IvN5uraDqHvY5eHSUoT-vzUi41FpXBIJhss7PddwK3hX05A606V16KS4fGX99WpKtGrOo9sRVro/s400/convite2.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5687014540303177058" /></a>Liza Pireshttp://www.blogger.com/profile/00362307700018766027noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4893318764244461533.post-84868415403450690922011-12-17T08:39:00.001+00:002011-12-17T08:43:26.076+00:00As Verticalidades de Barroso/As Horizontalidades de BarrosoLiza Pireshttp://www.blogger.com/profile/00362307700018766027noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4893318764244461533.post-28269183389343875832011-11-29T13:13:00.001+00:002011-11-29T13:15:18.043+00:00Exposição "Verdades Subjetivas"<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjCRwEYQTZ29Yy8o7PPdLy95YXmpERVOk19t3MnKhxDuTTVXOk_n9gkN3fZyGsKZEYG3v7nNLtsPSPjrlvEcU5Th-tJVfRjY5hatC4bOFQ9Ft8pi3oacICsVuDQ5YHUPMMjHJFSYaUyVcM/s1600/digitalizar0001.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 202px; height: 400px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjCRwEYQTZ29Yy8o7PPdLy95YXmpERVOk19t3MnKhxDuTTVXOk_n9gkN3fZyGsKZEYG3v7nNLtsPSPjrlvEcU5Th-tJVfRjY5hatC4bOFQ9Ft8pi3oacICsVuDQ5YHUPMMjHJFSYaUyVcM/s400/digitalizar0001.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5680405295226716914" /></a>Liza Pireshttp://www.blogger.com/profile/00362307700018766027noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4893318764244461533.post-2635634749321715622011-11-21T22:22:00.002+00:002011-11-21T22:41:46.426+00:00Limites...<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiLnRVbzLSIRHLDrFj1zdGDUL83a9rXVQ8gTR55N6E-ajgJW_4kEEGCYWHGL_BMjOynxVlWr7qOpuzQAxwSyt5RaWrHhhczZrpLz9zXx9GyKMB3-0HTqXNBq4mah5ichg-7OrF-U8ubmZ0/s1600/DSCF0852.JPG"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 300px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiLnRVbzLSIRHLDrFj1zdGDUL83a9rXVQ8gTR55N6E-ajgJW_4kEEGCYWHGL_BMjOynxVlWr7qOpuzQAxwSyt5RaWrHhhczZrpLz9zXx9GyKMB3-0HTqXNBq4mah5ichg-7OrF-U8ubmZ0/s400/DSCF0852.JPG" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5677580192894637762" /></a><br /><br />A Solidão é Sempre Fundamento da Liberdade <br /><br />A solidão é sempre fundamento <br />da liberdade. Mas também do espaço <br />por onde se desenvolve o alargar do tempo <br />à volta da atenção estrita do acto. <br />Húmus, e alma, é a solidão. E vento, <br />quando da imóvel solenidade clama <br />o mudo susto do grito, ainda suspenso <br />do nome que vai ser sua prisão pensada. <br />A menos que esse nome seja estremecimento <br />— fruto de solidão compenetrada <br />que, por dentro da sombra, nomeia o movimento <br />de cada corpo entrando por sua luz sagrada. <br /><br />Fernando Echevarría, in "Sobre os Mortos"Liza Pireshttp://www.blogger.com/profile/00362307700018766027noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4893318764244461533.post-3517293679242265172011-11-20T21:46:00.001+00:002011-11-20T21:59:11.970+00:00Árvore do silêncio...<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhyB-hYrieM3ggk_ZE7UGR7t2VIyNlIQZZqIA6ZY-dxtx2orjYXOLhk3rkxHhcan8k3kekai8IH_6Q-5ZaiMai1pnh4GDCS2MP3jax9mQEzv6EfmZrWZq05aDekZ_SvDiSJBA-09TQVMNw/s1600/DSCF0230.JPG"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 300px; height: 400px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhyB-hYrieM3ggk_ZE7UGR7t2VIyNlIQZZqIA6ZY-dxtx2orjYXOLhk3rkxHhcan8k3kekai8IH_6Q-5ZaiMai1pnh4GDCS2MP3jax9mQEzv6EfmZrWZq05aDekZ_SvDiSJBA-09TQVMNw/s400/DSCF0230.JPG" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5677198052712825586" /></a><br /><br />Perpetuar o Silêncio <br /><br />Já nada há de inofensivo. As pequenas alegrias, as manifestações da vida que parecem isentas da responsabilidade do pensamento não só têm um momento de obstinada estupidez, de autocegueira insensível, mas entram também imediatamente ao serviço da sua extrema oposição. <br />Até a árvore que floresce mente no instante em que se percepciona o seu florescer sem a sombra do espanto; até o "como é belo!" inocente se converte em desculpa da afronta da vida, que é diferente, e já não há beleza nem consolação alguma excepto no olhar que, ao virar-se para o horror, o defronta e, na consciência não atenuada da negatividade, afirma a possibilidade do melhor. É aconselhável a desconfiança perante todo o lhano, o espontâneo, em face de todo o deixa-andar que encerre docilidade frente à prepotência do existente. <br />O malevolente subsentido do conforto que, outrora, se limitava ao brinde da jovialidade, já há muito adquiriu sentimentos mais amistosos. O diálogo ocasional com o homem no combóio, que, para não desembocar em disputa, consente apenas numas quantas frases a cujo respeito se sabe que não terminarão em homicídio, é já um elemento delator; nenhum pensamento é imune à sua comunicação, e basta já expressá-lo num falso lugar e num falso acordo para minar a sua verdade. De cada ida ao cinema volto, em plena consciência, mais estúpido e depravado. A própria sociabilidade é participação na injustiça, porquanto dá a um mundo frio a aparência de um mundo em que ainda se pode dialogar, e a palavra solta, cortês, contribui para perpetuar o silêncio, pois, pelas concessões feitas ao endereçado, este é ainda humilhado [na mente] do falante.<br /><br />O funesto princípio que já sempre reside na condescendência desdobra-se no espírito igualitário em toda a sua bestialidade. A condescendência e o não ter-se em grande monta são a mesma coisa. Pela adaptação à debilidade dos oprimidos confirma-se, em tal fraqueza, o pressuposto da dominação e revela-se a medida da descortesia, da insensibilidade e da violência de que se necessita para o exercício da dominação. <br />Se, na mais recente fase, decai o gesto da condescendência e se torna visível apenas a igualação, então tanto mais irreconciliavelmente se impõe em tão perfeito obscurecimento do poder a negada relação de classe. Para o intelectual, a solidão inviolável é a única forma em que ainda se pode verificar a solidariedade. Toda a participação, toda a humanidade do trato e da partilha são simples máscara da tácita aceitação do inumano. Há que tornar-se consonante com o sofrimento dos homens: o mais pequeno passo para o seu contentamento é ainda um passo para o endurecimento do sofrimento. <br /><br />Theodore Adorno, in "Minima Moralia"Liza Pireshttp://www.blogger.com/profile/00362307700018766027noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4893318764244461533.post-9681647870495081772011-11-16T12:32:00.005+00:002011-11-16T12:39:00.129+00:00Livro<strong>As Horizontalidades de Barroso</strong><br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjTl8IplUNgVQCvuUoYtBz0Ie0w2dtLfKu_cxZcLdRg-OSaAQgnYWzAoms_-TgVjc1zX-xPgu2SK0qYy7VwO_7JhiRRn0XP0SG_CXyyssEVsVzHG7sqOjjueoD2nOcttaCMOHj-2lWN6DI/s1600/rui+almeida+capa+2.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 300px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjTl8IplUNgVQCvuUoYtBz0Ie0w2dtLfKu_cxZcLdRg-OSaAQgnYWzAoms_-TgVjc1zX-xPgu2SK0qYy7VwO_7JhiRRn0XP0SG_CXyyssEVsVzHG7sqOjjueoD2nOcttaCMOHj-2lWN6DI/s400/rui+almeida+capa+2.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5675570856942374882" /></a><br /><br /><strong>As Verticalidades de Barroso</strong><br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEitWtDTLW9f01A4XDWHJVkZ2wWMPsglxlJ-4HWVoPDSYOU9L5EAIuKe7MdyFPt1p4M07ibBFadZTeUW4kYzy9SfwNevipRkKf6g5dCvUoPFevkTGJFKlPe6JtHNJEvcFGmF-6UeKuHyh4U/s1600/jos%25C3%25A9+carlos+barros+capa1.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 300px; height: 400px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEitWtDTLW9f01A4XDWHJVkZ2wWMPsglxlJ-4HWVoPDSYOU9L5EAIuKe7MdyFPt1p4M07ibBFadZTeUW4kYzy9SfwNevipRkKf6g5dCvUoPFevkTGJFKlPe6JtHNJEvcFGmF-6UeKuHyh4U/s400/jos%25C3%25A9+carlos+barros+capa1.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5675570859482004306" /></a><br /><br /><br />Lançamento do meu primeiro livro muito brevemente. Deixo aqui as fotos das capas....pois irá ter duas.Liza Pireshttp://www.blogger.com/profile/00362307700018766027noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4893318764244461533.post-75800956579170228822011-11-16T00:04:00.002+00:002011-11-16T09:14:16.263+00:00É a vida...<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgXyDJe0N42stjfS8XvvFx_eXVfaEYb6ubbPT6OSpoMMON1LjmZ8mdQQZldF86XVJwsqaDclInKmCU43buLazHNWQMeDgTHki0ff_UdPJSHWzbSiENEP642Gd8KJeRTwUZTHNJ_AeJrx6U/s1600/Anna+Klaudia.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 301px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgXyDJe0N42stjfS8XvvFx_eXVfaEYb6ubbPT6OSpoMMON1LjmZ8mdQQZldF86XVJwsqaDclInKmCU43buLazHNWQMeDgTHki0ff_UdPJSHWzbSiENEP642Gd8KJeRTwUZTHNJ_AeJrx6U/s400/Anna+Klaudia.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5675378803716502594" /></a><br /><br />Por Todos os Caminhos do Mundo <br /><br />A minha poesia é assim como uma vida que vagueia <br /> pelo mundo, <br /><br />por todos os caminhos do mundo, <br />desencontrados como os ponteiros de um relógio velho, <br />que ora tem um mar de espuma, calmo, como o luar <br /> num jardim nocturno, <br /><br />ora um deserto que o simum veio modificar, <br />ora a miragem de se estar perto do oásis, <br />ora os pés cansados, sem forças para além. <br /><br />Que ninguém me peça esse andar certo de quem sabe <br /> o rumo e a hora de o atingir, <br />a tranquilidade de quem tem na mão o profetizado <br />de que a tempestade não lhe abalará o palácio, <br />a doçura de quem nada tem a regatear, <br />o clamor dos que nasceram com o sangue a crepitar. <br /><br />Na minha vida nem sempre a bússola se atrai ao mesmo <br />norte. <br />Que ninguém me peça nada. Nada. <br />Deixai-me com o meu dia que nem sempre é dia, <br />com a minha noite que nem sempre é noite <br />como a alma quer. <br /><br />Não sei caminhos de cor. <br /><br />Fernando Namora, in 'Mar de Sargaços'Liza Pireshttp://www.blogger.com/profile/00362307700018766027noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4893318764244461533.post-16239345144307681252011-10-23T22:47:00.002+01:002011-10-23T22:53:05.007+01:00Ondas do ondear revolto...<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhGfrsrKiv3gMkuIMcxx058bCXJ5TwBzCm1lUirH4qjKE5Uyg-llDCiHmI0UQ8FXKdeK7iNzT-OIBiMpLIicMkRCIzPafno0teggp5qIcS4NXhGvRAZlCfxv_Wst4Vw_Azg5hxgEqmt8iM/s1600/284390_10150268062671506_769936505_7694888_5641790_n.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 300px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhGfrsrKiv3gMkuIMcxx058bCXJ5TwBzCm1lUirH4qjKE5Uyg-llDCiHmI0UQ8FXKdeK7iNzT-OIBiMpLIicMkRCIzPafno0teggp5qIcS4NXhGvRAZlCfxv_Wst4Vw_Azg5hxgEqmt8iM/s400/284390_10150268062671506_769936505_7694888_5641790_n.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5666807859053834066" /></a><br /><br />Noite de Sonhos Voada <br /><br />Noite de sonhos voada <br />cingida por músculos de aço, <br />profunda distância rouca <br />da palavra estrangulada <br />pela boca armodaçada <br />noutra boca, <br />ondas do ondear revolto <br />das ondas do corpo dela <br />tão dominado e tão solto <br />tão vencedor, tão vencido <br />e tão rebelde ao breve espaço <br />consentido <br />nesta angústia renovada <br />de encerrar <br />fechar <br />esmagar <br />o reluzir de uma estrela <br />num abraço <br />e a ternura deslumbrada <br />a doce, funda alegria <br />noite de sonhos voada <br />que pelos seus olhos sorria <br />ao romper de madrugada: <br />— Ó meu amor, já é dia!... <br /><br />Manuel da Fonseca, in "Poemas Dispersos"Liza Pireshttp://www.blogger.com/profile/00362307700018766027noreply@blogger.com0